quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Consumismo assombra valores natalícios


O excessivo materialismo e o espírito consumista estão a deteriorar os valores natalícios. Tradicionalmente, o Natal é uma comemoração da religião católica em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo que, recebeu mirra, incenso e ouro dos reis magos. No Natal moderno celebra-se a revolução tecnológica e a crise desaparece. Playstations, jogos, leitores de música e computadores portáteis, máquinas fotográficas, GPS e toda uma panóplia de brinquedos electrónicos estão na lista de presentes de pequenos e graúdos.
Segundo a tradição, natal é sinónimo de amizade e de partilha. No ano de 2008, a economia mundial entrou em recessão, os portugueses ficaram mais endividados com o crédito habitação, o crédito automóvel, as despesas com a educação, as actividades extracurriculares (que preenchem as horas extraordinárias nas empresas dos pais), e despesas de saúde. Há trinta anos atrás também se viviam tempos difíceis mas não havia endividamento e, no Natal os presentes eram para as crianças e resumiam-se a chocolates. Hoje crianças e adultos entram em euforia na hora de abrir os presentes, que nem a crise faz diminuir.
Em tempos, o Natal foi uma época de compaixão pelo próximo e de solidariedade, mas estes valores desaparecem nas longas e impacientes filas dos hipermercados e lojas de centros comerciais. Grita-se à funcionária que se despache, passa-se à frente de idosos e grávidas, traz-se o papel para casa para não perder mais tempo. Comprar é palavra de ordem, enquanto muitos não tem acesso aos bens essenciais, passam fome e frio e são alvo de olhares que recriminam.
Em teoria o Natal é também uma época de paz entre os homens. Este ano a época festiva foi palco para novos ataques no médio oriente, foi o fim do cessar-fogo. Enquanto muitos perdiam as suas vidas, nas casas portuguesas comeu-se o bacalhau com couves e nabos e lamentou-se por breves instantes aquelas imagens, enquanto passavam.
Esta onda de generosidade materialista é possível graças aos subsídios de natal que são gastos para tornar uma noite mágica. Muitos portugueses ao chegar a época oficial de saldos já gastaram tudo, e outros acabam por gastar ai. Não seria preferível guardar o décimo terceiro mês para uma necessidade maior, ou para uma vida mais desafogada durante o ano que se avizinha? Definitivamente, a tradição já não é o que era.

2 comentários:

Tânia Santos disse...

Muito bem!
O primeiro semestre já está feito. Desejo-te um bom trabalho para o segundo.

Gustavo disse...

e eu digo, mas e daí o papai Noel? quem alimentou a revolução senão o próprio povo? Stalin, grande genocida... mas, conheces aquele ditado:
"cada povo tem o governo que merece."
pois, latu sensu, concordo com o dito. Aliás, seu texto está muito bem dito (desculpe a cacofonia).
abç


Gustavo