São 27 os desenhos inéditos de Zé Penicheiro, que podem ser vistos no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz (CAE), até dia 2 de Novembro.
Aos 87 anos, e depois de um acidente cardiovascular, Zé Penicheiro decidiu experimentar uma nova técnica de desenho que passa pelo uso de pastel e tinta-da-china. O resultado é um conjunto de 27 gravuras que ilustra algumas fases da vida do pintor. A inauguração da exposição aconteceu no dia 14 no CAE, onde permanecerá até ao próximo dia 2 de Novembro.
A disposição das gravuras permite uma passagem sequenciada pelas vivências do pintor. A exposição abre com três desenhos alusivos à rotina da vida rural, ligada sobretudo à agricultura, remontando à infância do pintor, passada em Candosa no concelho de Tábua. As cores predominantes são o castanho, o beije e a cor-de-vinho que se entrançam com o negro da tinta-da-china.
As composições seguintes ilustram a faina do mar, dos pescadores e das varinas, actividade e personagens com as quais conviveu durante toda a sua juventude, quer na Figueira da Foz quer na zona de Aveiro. Vários quadros mostram situações ligadas a um tipo de pesca de arrasto que dá pelo nome de “Arte Xávega”, muito usual nas aldeias piscatórias há alguns anos atrás. Uma das representações define de forma particular esta arte antiga, pois é possível ver o barco a lançar a rede e os bois em terra a puxá-la. Todos estes elementos se encontram dispostos numa mescla azul, onde o céu e o mar se confundem.
Já no final da sala são visíveis dois quadros em que os tons que prevalecem são, o cinzento e o negro. São quadros que retratam cenas quotidianas dos estudantes de Coimbra: uma balada e uma tasca.
Toda a obra de Penicheiro demonstra o seu gosto pelo genuíno e pelo tradicional da cultura portuguesa, o que é visível também nesta exposição.
Segundo a técnica superior do serviço educativo do CAE, Bárbara Dias, a inauguração desta exposição acabou por ser um “encontro de amigos”, em que o pintor teve oportunidade de comemorar, num ambiente informal, os seus 50 anos de carreira.
O espaço que acolhe a exposição foi criado para que artistas da Figueira da Foz possam dar a conhecer o seu trabalho, tendo sido baptizado com o nome de Zé Penicheiro em jeito de homenagem.
Maria João Fernandes
29/10/2008
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